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Manutenção do MySQL – mysqlcheck

Uma das tarefas mais interessantes e que envolve mais pontos a serem analisados são as rotinas de manutenção dos bancos de dados e com o MySQL não é diferente. Tais pontos vão da análise do melhor momento para se realizar tal manutenção, intervalo de tempo denominado “janela de manutenção” ou do inglês, “maintenance time frame” , o tempo que tal rotina levará para completar o trabalho e quais são os objetivos de tal ação, esta que pode resultar em vários ganhos para o ambiente, seja de performance, seja de backup ou mesmo de prevenção contra desastres.

Comummente, não é muito racional simplesmente colocar um script qualquer no cron do Linux ou agendador de tarefas do MS Windows e deixar este ser executado de acordo com o agendamento. Interessante que você, administrador de bancos de dados, saiba exatamente o que realizar em detrimento de cada objetivo que você tem em relação à manutenção dos seus bancos de dados – é uma ilusão achar que os dados não fragmentarão com o tempo, que dados não serão corrompidos nunca e que, principalmente, você não precisará de um backup, aquele que falhou esta manhã. Muito cuidado com este último tópico e lembre-se, Murphy e sua lei estão sempre aonde existem “pontos simples de falha (SPOF)”.

O MySQL nos dá várias possibilidades de se trabalhar a manutenção de tabelas de qualquer Storage Engine através do *programa-cliente mysqlcheck, que é adicionado ao PATH do sistema operacional após a instalação do MySQL Server. Tanto em sistemas Unix Like quanto em sistemas MS Windows, ao utilizar o terminal ou o prompt de comando, respectivamente, basta teclar as primeiras letras e utilizar TAB para completar o nome do aplicativo, que, logo você perceberá que vários outros aplicativos, além do mysqlcheck, também estão disponíveis. Após ser chamado na linha de comando, como se trata de um programa-cliente, você precisará apontar qual usuário/senha para se conectar ao servidor de bancos de dados MySQL (mysqld), quais bancos de dados e quais as opções, estas que são várias as disponíveis.

Sintaxe de utilização do mysqlcheck:

shell> mysqlcheck [options] db_name [tables]
shell> mysqlcheck [options] --databases DB1 [DB2 DB3...]
shell> mysqlcheck [options] --all-databases

Checagem de Erros – opção “-c”

O mysqlcheck poderá ser utilizado com a opção “-c” para checar os possíveis erros em tabelas de qualquer Storage Engine. Você pode programar algo em shell script para pegar os erros e lhe enviar por e-mail ou acompanhar a execução do programa via linha de comando. Após a checagem, caso algum erro seja reportado, é interessante verificar qual é a tabela e em qual banco de dados está para que as ações de correção possam ser realizadas, o que varia de acordo com o Storage Engine.

Checando erros em todos os bancos de dados:

shell> mysqlcheck [options] --all-databases -c

Atualizando Estatísticas – opção “-a”

Atualizar estatísticas é uma operação essencial em bancos de dados! Normalmente, é interessante que os objetos, índices e linhas de tabelas sejam estatisticamente computadas para que a primeira camada do MySQL, aonde residem os módulos de otimização de consultas (transformação e criação de plano de execução), para que a melhor rota seja traçada com base em tais estatísticas – resumidamente, eu sei quantas linhas, em índices ou não, eu tenho que percorrer de acordo com uma estratégia definida para atender a uma consulta. No caso de consultas que envolvem JOIN, a ordem das tabelas é definida através das estatísticas.

Se eu não sei a quantidade de objetos, índices e linhas que tenho em disco nos arquivos em disco, como farei essa decisão? A atualização das estatísticas garante que haja consistência entre a visão lógica (engine) e física (arquivos em disco) dos bancos de dados.

O mysqlcheck -a ou –analyze é equivalente ou ANALYZE TABLEsão comando equivalentes e ao serem executados, adquirem bloqueio de leitura (bloqueio compartilhado) e funcionando para tabelas MyISAM e InnoDB.

Analisando as tabelas em todos os bancos de dados:

shell> mysqlcheck [options] --all-databases -a

Otimizando tabelas – opção “-o”

A opção “-o” otimiza os dados em disco promovendo melhor alocação dos dados dentro de suas respectivas páginas de dados em disco, assim como promove, consequentemente, a desfragmentção de toda a informação armazenada. Além disso, atualiza as estatísticas de índices fazendo a ordenação dos mesmos (InnoDB Clustered Indexes) e o rearranjo da árvore B-TREE (MyISAM e InnoDB). Durante a operação, um bloqueio exclusivo será adquirido na tabela na qual o processo está rodando (bloqueio exclusivo = WRITE LOCK) e o poder de resposta do servidor de bancos de dados poderá diminuir muito nesse momento. Após o processo, caso seja uma base que tem alterações intensas em seus registros, poderemos perceber diminuição dos espaço consumido em disco pelos bancos de dados.

Otimizando as tabelas em todos os bancos de dados:

shell> mysqlcheck [options] --all-databases -o

A partir da versão 5.1 do MySQL, o InnoDB Plugin passou a não se entender muito bem com o OPTIMIZE TABLE ou a opção “-o” do mysqlcheck. Ao rodar um daqueles comandos contra uma tabela que é controlada pelo Storage Engine InnoDB Plugin, o seguinte erro será enviado ao usuário:

Table does not support optimize, doing recreate + analyze ...

Este tipo de problema poderá ser contornado através do recriação da tabela com o que chamamos de REBUILD, seguido por um ANALYZE, isso para todas as tabelas do banco de dados:

mysql> ALTER TABLE nome_tabela ENGINE=InnoDB;
mysql> ANALYZE TABLE nome_tabela;

Lembro que você poderá montar os comandos para todas as tabelas do banco através de scripts ou mesmo, utilizando SQL em conjunto com a tabela TABLES do dicionário de dados do MySQL, o INFORMATION_SCHEMA.

Tais operações de manutenção podem agora fazer parte do seu plano de otimização para o MySQL e você poderá desenvolver um script para isso utilizando shell ou DOS. Problemas com crash de tabelas e performance poderão ser detectados e resolvidos com o aplicativo mysqlcheck. Basta agora, conceber um plano com padrões para todas as ações que serão realizadas, estudar o padrão de nomenclatura, contar com um profissional especializado para assinar o projeto e colocar em execução. Assim, sua tecnologia tem bem menos chances de ter problemas quando mais se precisar dela.


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